Eu, sinceramente, penso nos receptores vintage de forma divergente daquela que o antigo anúncio da Marantz quer dar a entender.
Pra mim, esses aparelhos não são tanques de guerra indestrutíveis, mas sim equipamentos grandões e pesados, de enorme complexidade, cujo organismo interno é repleto de órgãos, conexões nervosas, artérias principais e vasos comunicadores.
São como Pantagruel, que necessitam de amor e cuidados especiais para corresponder em toda a sua plenitude.
Operações de conserto e ações invasivas nos intestinos internos desses gigantes são atos de enorme risco que só devem ser executados por junta de profissionais especializados, já acostumados com os emaranhados e com bagagem suficiente para tal aventura.
O interior dos aparelhos é bem estufado e super povoado de componentes, muitas vezes únicos e dificilmente encontráveis para reposição.
A contra partida do carinho dispensado aos receptores vintage é a maravilhosa qualidade sonora com que eles enchem nossa sala e regozijam nossos sentidos.
Um receptor vintage está via de regra anos luz à frente da maioria dos receivers de Home Theater em termos de qualidade sonora.
Para manter um receptor vintage funcionando a contento há que se tomar uma série de precauções, as quais eu relaciono a seguir numa espécie de áudio dicas.
Alguns cuidados básicos:
Instalar o aparelho em lugar firme e plano e com bom espaço para ventilação (respiro).
Não encostar a parte traseira na parede e nem em outro lugar qualquer.
As conexões traseiras precisam de espaço livre.
Nunca obstruir a circulação do ar pelas entradas do fundo do aparelho e saídas da tampa de cima.
Se empilhar aparelhos em cima do aparelho deixar pelo menos 5 cm para que o ar possa se exaurir pela tampa de cima.
De preferência nunca colocar nada em cima do receptor.
Cuidado especial com a umidade, que é inimiga mortal da aparelhagem.
O aparelho deve ser ligado a uma rede elétrica estável e confiável.
As caixas acústicas ligadas a ele devem estar em bom estado e ter potência admissível e impedância adequada ao poderio da saída.
As fontes sonoras devem estar em ordem e não apresentar defeitos na transmissão sonora.
Somente ligar e desligar o aparelho com o volume completamente abaixado (zerado).
Nunca deixar o aparelho parado por muito tempo.
De vez em quando acionar todas as chaves e potenciômetros do aparelho repetidamente.
Nunca utilizar micro-óleo (tipo WD40) em hipótese nenhuma.
Utilizar cabos e conexões de qualidade.
Uma vez por ano, ou a cada seis meses limpar os conectores do aparelho com limpa contatos de qualidade (Fospro Hellerman, por exemplo).
Para limpeza externa utilizar somente um pano macio levemente embebido em lustra móveis com silicone.
Nunca esquecer que apesar da aparência robusta e de serem máquinas maravilhosas, os receptores vintage têm pelo menos 30 anos de serviços prestados e como outro qualquer aparelho de elevada potência requerem cuidados especiais.
Big abraço,
Rui Fernando Costa
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Receptores antigos II.